segunda-feira, 23 de maio de 2011

História e Histórias...: O Primeiro da Classe - Filme

História e Histórias...: O Primeiro da Classe - Filme: " Existem muitas maneiras de se contar uma história triste. E essa é a melhor delas. Brad Cohen é portador de uma doença rara chamada Sín..."

O Primeiro da Classe - Filme

 

Existem muitas maneiras de se contar uma história triste. E essa é a melhor delas.
Brad Cohen é portador de uma doença rara chamada Síndrome de Tourette. Conforme ele explica várias vezes durante o filme, é uma desordem neurológica caracterizada por tiques, espasmos ou vocalizações que ocorrem repetidamente. Piora quando ele está nervoso e não tem cura. Durante sua infância, sofre o preconceito e humilhação dos professores, colegas e até mesmo do seu pai. No entanto, graças ao apoio da mãe, Brad consegue se formar na faculdade e passa a tentar realizar seu maior sonho: Ser professor. Não é preciso falar que foi um longo caminho trilhado até conseguir uma escola que o aceitasse. E quando isso acontece, Brad prova que é capaz, que pode fazer a diferença na vida de seus alunos. E que, como ele mesmo diz, “ser diferente é normal”.
 
Detesto filme no estilo “dramalhão”. E, aparentemente, esse seria mais um desses. Seria, mas não é. Já no início, é impossível não dar gargalhada do garoto Brad em sua bicicleta fazendo caras e bocas e emitindo os sons mais estranhos. Mas logo você começa e pensar de maneira mais profunda sobre questão proposta. Por isso é um filme brilhante; te leva das gargalhadas ás lágrimas em questão de minutos.

E é um tapa de luva na cara de muitos professores. E ao mesmo tempo, um afago na alma. Mostra uma postura autoritária e preconceituosa que nós temos em muitas ocasiões com determinados alunos taxados como “problemáticos”. No entanto, critica arduamente a postura de vítima deles. E então temos o papel chave da mãe de Brad, que nunca permitiu que o filho fosse excluído do convívio em sociedade. Como na cena em procuram um grupo de apoio para os portadores de Tourette e descobrem um bando de marginalizados. Pessoas improdutivas: jovens que não vão à escola, adultos que não trabalham e Brad decide que não quer ser como eles. Não deixaria a doença vencer.

Além disso, mostra a importância que um professor pode ter na vida das pessoas. Se a maioria dos professores ensinou a Brad como não agir em sala de aula, um deles (o diretor de sua escola de Ensino Médio) marcou sua vida apenas por agir com um pouquinho de educação e gentileza. Ou seja, nos tornamos professores por causa de nossas experiências enquanto alunos.

É um filme obrigatório para pais, alunos e professores. Trata as coisas de forma sensível e sem cair no puro deboche. Mas de uma maneira sempre positiva e até mesmo bem humorada. Afinal, não há problema algum em rir de sim mesmo de vez em quando. E como diz a namorada de Brad; “Meu pai diz que eu devo me casar com um homem que me faça rir.” Ponto para ela.

Assista trecho do making off do filme abaixo


Filme completo no youtube (legendas em espanhol)

http://www.youtube.com/watch?v=iLR58VOlMOI&feature=related

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Top 10 – Livros infanto-juvenis que todo adulto deveria ler.


Além de professora, sou mãe e leitora. Considero literatura infantil algo apaixonante, principalmente por que me remete a minha infância. Passava horas e horas em meu quarto (e ao mesmo tempo em outro mundo) acompanhada de um livro. Eram momentos de profunda introspecção, invariavelmente interrompidos, pela insistente reclamação de minha irmã para que eu apagasse a luz e fosse dormir.

Listo abaixo 10 livros infanto-juvenil que, em minha opinião, toda criança e, sobretudo, todo adulto deveria ler.

10 – As viagens de Gulliver - Jonathan Swift


Se em um momento Gulliver está entre homens minúsculos da ilha de Liliput e é considerado um gigante, em outro, ele se torna minúsculo se comparado aos habitantes do país dos gigantes. Apesar de parecer infantil, Gulliver - na verdade- foi uma refinada sátira a Inglaterra do século XVIII. Ainda hoje é possível refletir algumas mensagens contidas no livro sobre o quão ridículo o ser humano é ás vezes.

Obs.: Achei pavorosa a última versão cinematográfica feita sobre o livro. Eu já não ia muito com cara do Jack Black, mas agora interpretando um Gulliver contemporâneo, sinceramente...É de doer!

9- Eu vi nascer o Brasil – Renato Pacheco


Este pequeno livro foi escrito pelo autor capixaba Renato Pacheco. De maneira lúdica conta os primeiros anos da colonização do Espírito Santo. O interessante é que é narrado em primeira pessoa pelo próprio Dom Vasco Fernandes Coutinho, primeiro capitão donatário da Capitania do Espírito Santo.

Esse livro não entrou na lista apenas com o objetivo de valorizar a história do Espírito Santo (tantas vezes esquecida tanto nos livros didáticos quanto nas aulas de história). Renato Pacheco é um mestre e o livro é realmente muito bom! Indico a todos os meus alunos. 
 
8 – Robinson Crusoé – Daniel Defoe

Robinson Crusoé naufraga em uma ilha deserta e fica lá por 25 anos absolutamente só, até encontrar o nativo Sexta-feira. Na ilha, ele tem que (re)aprender a viver, conseguir comida, abrigo, confeccionar utensílios e ferramentas.  É muito angustiante, em minha opinião, sentir a solidão de Crusoé. Mas o interessante é observar os laços que ele ainda mantém (ou tenta manter) com a civilização. Em um dos trechos ele diz que, apesar de tantos anos vivendo só, não consegue andar nu. Menos pelo sol que castiga a pele do que pela moralidade inglesa que ainda carrega com ele  
Este é outro livro muito famoso no Brasil em sua versão infanto-juvenil. No entanto, é um livro para adultos.

Obs.: A história de Crusoé foi inspirada em um marinheiro chamado Alexander Selkirk. Só que Selkirk ficou “apenas” 4 anos em uma ilha e foi para lá por vontade própria. Leia aqui aqui uma matéria bem legal sobre a vida dele



7 – O menino no espelho – Fernando Sabino


O livro conta as histórias do menino Fernando ( e também de Odnanref, o menino do espelho) na década de 1920 em Belo Horizonte. O mais gostoso (além de um texto muitíssimo bem escrito e agradável) é que são histórias reais da infância de Fernando Sabino, mas com um toque de fantasia. Ele conta aos leitores fatos inverossímeis (como a aprendeu a voar como os pássaros, como ensinou uma galinha a falar )
 como se realmente tivessem ocorrido.
6 - Alice no país das maravilhas - Lewis Carroll

“Beba-me”.

A sensação de estar  perdido e de não ser compreendido é comum a todo adolescente. Em Alice, elas são exploradas ao extremo. O clima nonsense e fantástico do livro te faz, literalmente, viajar. Mas é uma loucura que faz sentido. Como o autor era professor de matemática, no livro existem várias charadas e problemas de lógica ocultos. O que eu mais gosto é quando ela muda de tamanho ao comer o bolo e beber o líquido da garrafinha. Além disso, há personagens inesquecíveis como o Chapaleiro Maluco e o coelho branco.


A menina Evelyn Hatch, fotografada por Lewis Caroll

Existem alguns indícios de que Carroll (cujo verdadeiro nome era Charles Lutwidge Dodgson) tivesse um comportamento um tanto estranho. De fato, ele nunca se casou e possuia uma verdadeira obsessão por crianças, ou melhos por meninas. Adulto ele dizia ter várias amiguinhas. A menina Alice, inspiradora do livro, era filha de um casal de conhecidos e uma de suas melhores amigas. Ele também adorava fotografar meninas nuas, mas sempre com a autorização das mães. Hoje, provavelmente seria acusado de pedofilia pelo Magno Malta ou seria frequentador do rancho do Michael Jackson, NeverLand.

5-Fernão Capelo Gaivota - Richard Bach

Bach era aviador e escrever sobre a “arte” de voar era algo natural para ele. Neste livro, acompanhamos a trajetória da gaivota Fernão que um dia cogita a possibilidade de existir algo além de voar e se alimentar dos peixes nos navios pesqueiros. E com isso é taxado de louco pelas outras gaivotas, uma vergonha para sua família e passa a ser excluído do convívio com os outros de sua espécie. Mas ele não se importa e continua sua busca, onde descobre que o mundo é muito maior do que imaginava.


4 - O mundo de Sofia – Jostein Gaarder

Este livro eu li depois de adulta. Conta a história da filosofia através das correspondencias de um desconhecido a menina Sofia Amundsen. Paralelamente, temos ainda a história de outra menina, Hilde, que posteriormente se cruza com a de Sofia de maneira surpreendente. A realidade nem sempre é oque parece ser. 

Obs.: Não posso negar que batizei minha filha com o nome de Sofia, em parte, devido a esse livro. "A menina dos cabelos lisos."


3 –A ilha misteriosa – Júlio Verne
Nossa medalha de bronze vai para o senhor Júlio Verne.

Outro livro sobre ilha (está muito Lost essa lista, mas foi inevitável !). Dessa vez, um grupo de abolicionistas fugindo durante a guerra civil americana, cai de um balão em uma misteriosa ilha vulcânica do pacífico. Eles a batizam de ilha Lincoln (em homenagem a Abraham Lincoln). O incrível é que eles conseguem construir uma verdadeira cidade assim, “do nada”, sem nenhum equipamento, graças a inventividade do engenheiro Ciro Smith (o cara é realmente f**, até pólvora eles conseguem). Além disso, coisas estranhas e maravilhosas acontecem na ilha graças a uma presença misteriosa que eles descobrem no final do livro, o Capitão Nemo, (do outro clássico de Verne 20.000 léguas submarina), já idoso habita o  interior da ilha e ajuda os nossos aventureiros sempre que pode.

Eu citei Lost acima e as semelhanças não são coincidências. A ilha misteriosa é uma referência nítida em no  seriado americano. Aliás, todos os livros de Verne, que escreve nas margens do possível, em uma linha tênue entre ficção e realidade é sempre referência nas obras scyfy. 

3- O dia do curinga - Jostein Gaarder

"Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?”


O segundo lugar de nossa lista é um livro pessoalemnte importante.

Não tão conhecido quanto “O mundo de Sofia”, mas igualmente fascinente. Narra a jornada do garoto  Hans-Thomas e seu pai pela Europa, quando um minúsculo livrinho leva Hans a um mundo mágico e enigmático.  É a junção de realismo fantástico, com drama familiar. Quando era adolescente este livro foi muito importante para mim. Eu o inteiro em uma cadeira de hospital, acompanhando meu avô, que estava internado.

1- Manu: A menina que sabia ouvir –Michael Ende


E em primeríssimo lugar: a minha doce Manu!
Este livro é uma obra-prima. Quando o li pela primeira vez era bem menina. Peguei emprestado na biblioteca da escola. Devia ter uns 8 ou 9 anos. Quando estava na faculdade, encontrei uma versão bem antiga a venda em um sebo por R$ 1,00. Meus olhos brilharam de felicidade!   
O meu exemplar tem essa capa


Creio que poucos o conhecem. O autor é mais conhecido por “História sem fim”, que depois virou uma série de filmes. Manu é uma orfã que vive em um "quartinho" improvisado em um antigo anfiteatro de uma grande cidade. Mas sua vida não triste. Pelo contrário, Manu tem muitos amigos na vizinhança do lugar, entre adultos e crianças. Todos gostam e cuidam dela com amor e fazem muitas coisas boas para ela. Mas na verdade é Manu quem ajuda a todos, ela não faz nada demais, apenas tem o dom de ouvir as pessoas. Todos gostam de gastar seu tempo conversando com Manu. Mas um dia, um estranho grupo de homens-cinzentos passam a rondar os amigos de menina e todas da pessoas da cidade roubando-lhes um de seus bens mais preciosos; o tempo. Ninguém mais parece ser feliz.Todos parecem trabalhar demais e não aproveitam as coisas boas da vida. Até mesmo as crianças, que agora são trancafiadas em instituições próprias.

Só Manu não é atingida. E com ajuda do Senhor do tempo e da tartaruga Cassiopéia começa a batalha de Manu contra os homens cinzentos ladrões do tempo. Michael Ende foi acusado em seu país de produzir uma literatura escapista para os jovens. Entretanto, considero Manu uma metáfora perfeita desse mundo consumista em que vivemos. Nesse mundo louco, em que time is money. 

Tenho realmente muita estima por esse livro e, de vez em quando o releio para não perder a noção do que realmente importa e  não deixar os homens-cinzentos me contaminem .

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Se vira nos trinta...

A história da terra em apenas 6 minutos.

(ironic mode on)
Depois de assistir a esse vídeo, qual a necessidade de frequentar as aulas de História?
(ironic mode off)


Viram?
E no final ainda sobra tempo para especular sobre o fim da humanidade !


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Você votaria em um ATEU para presidente da república?


Nesses tempos, em que alguns questionam se as muçulmanas tem ou não o direito de usar o véu, me pego refletindo como a religião (ou ausência dela) provoca  polêmicas e controvérsias.  

Quando as eleições presidenciais de 2010 se aproximavam, resolvi reproduzir em uma sala de aula de 3º ano, uma enquete que li em uma revista (Veja ? não lembro) algum tempo antes.

A situação era a seguinte: Você votaria em uma mulher, um negro, um gay ou um ateu para presidente da república ? De acordo com a revista, a esmagadora maioria da população afirmou votar, sem problema algum, nos três primeiros personagens. Entretanto, apenas cerca de 3 %  dos brasileiros confiaria a presidência do país  um ateu convicto. Apesar reconhecida religiosidade do brasileiro, este resultado não deixou de me surpreender.
Fiquei me perguntando; por que afinal, as pessoas tem tanto medo de alguém que não acredita na existência de Deus

Bom, mais surpresa ainda fiquei quando em minha sala de aula o resultado foi ainda mais definitivo; A exemplo da pesquisa da revista, a maioria votaria tranquilamente em uma mulher,um negro ou um gay. Entretanto, nenhum de meus alunos votaria em um ateu! 0 %, nem unzinho, nem aquela galera do fundão que gosta de zoar (fala sério professora! Preferia um gay como presidente do que uma pessoa que não acredita em Deus ! , foi a resposta de um deles)
Mas por quê ? perguntei a eles, mas ninguém soube responder coerentemente. Alguns até usaram argumentos do tipo: esse presidente vai proibir os cultos nas igrejas cristãs, vai instituir o satanismo e etc... Achei até curioso que este tipo de preconceito ainda esteja tão enraizado na sociedade brasileira.
Esclareci que uma pessoa atéia é aquela que rejeita a existência de uma divindade ou divindades (sejam elas quais forem) e, portanto, seria incoerente obrigar as pessoas a cultuarem satã. (!) 

E para botar mais lenha na fogueira, relembrei que o Estado brasileiro é laico, ou seja, não possui religião oficial. Logo, o dirigente do país também não é obrigado a ter uma. Mas eles continuavam irredutíveis.
Simplificando. Apesar de não saberem explicar muito bem seu ponto vista, acredito que meus alunos ( e também a maioria das pessoas) pensam que é impossível fazer algo bom, sem ter Deus no coração. De fato, eu particularmente creio no princípio do namastê ("O Deus que habita em mim saúda o Deus que habita em você.") e, por conseguinte, não defendo o ateísmo.
Por outro lado, as pessoas têm o direito de acreditar naquilo que quiserem.
O  fato é que o assunto rendeu. O debate foi quente dentro da sala. E você ? Votaria em um ateu para presidente da república?

sábado, 26 de março de 2011

Para começo de história...

Confesso!

Uma das coisas que mais me irrita é ouvir que a História é chata!

Como assim? Eu obviamente não acho! Muito pelo contrário, sabe aquela sensação de arrepio dos pelos? De borboletas no estomago? Então, eu sentia isso durante as aulas de História no ensino médio. Principalmente nas aulas dos professores mais talentosos (louca? talvez.).
Lógico que nem todas as pessoas são assim. Mas acredito que ,de uma forma ou de outra, quase todo mundo gosta de história. È verdade que a linguagem de historiador ás vezes é uma tanto quanto rebuscada demais e cheia de jargões para o leitor comum. A do médico também é. Mas o paciente não fica lendo os livros científicos de medicina por aí.

Daí eu vejo os jornalistas ganharem muito dinheiro com livros... de História. Lembro quando era adolescente e chorei horrores lendo Olga, de Fernando Morais, que, todo mundo sabe, virou filme de grande sucesso posteriormente (e que os alunos adoram assistir por sinal). Também me recordo de várias minisséries de sucesso da rede globo mesmo; O quinto dos infernos, A muralha, A casa das sete mulheres (chorei horrores também), mais recentemente Dalva e Herivelto. Grande audiência. E olha que passavam quase de madrugada.   O último exemplo é o livro 1808, do jornalista Laurentino Gomes (http://www.laurentinogomes.com.br/) . Só pelo subtítulo já dá vontade de ler:
 “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e   mudaram a História de Portugal e do Brasil”.

É bem verdade que os historiadores torcem um pouco o nariz para as pesquisas históricas dos jornalistas. Mas eu não tenho prconceito. Será minha próxima leitura.

Até mais!